terça-feira, 5 de julho de 2011

O Inferno de Todos Nós




                               I-Enlaço Vital




  Apresento-me fiel as margens esboçadas,
  Donde sai enlaçado com a obra aos joelhos.
  Nesse inferno adentro-me, pois daí está 
  Saindo longos filetes lentos que serpeiam
  As portas da vida dos homens.


                              II-Ante As Origens




  Do que herdei, muito resta saber;
  Olhos fundos, afundados na lama hipócrita,
  Dando-me a sensação de prazer, diga-se diabolicamente.
  Não que sejam profanos, mas talvez
  Sejam pagãos em arte.
  Apesar que Eu já prefiro chama-los
  De católicos errantes.
  Meu queixo enrubesce, resta saber se as covas,
  Rugas,
  Rixas,
  Tudo isso se herda.
  Que seja Eu esse representante vivo
  Da agonia, encarcerado em torpor, letras, frases,
  Tudo compactado,
  Traduzido fielmente, segundo as leis maliciosas.
  Cavo tão fundo, que fundo me desespero, esse ardil
  Para as partículas prazerosas que me rodeiam.
  Ante a torre só posso mira-la...


                III-Em Frente Ao Mais Duro Veneno




  Conselho satânico esse, Eu não o ponho de lado.
  Tomo ao colo, ao útero se for preciso, me derrubo 
  Por esse risco, se for o caso bendigo-o em nome
  Do tapete vermelho, na cela de confissão.
  Assistido por essa corrupção maldita, traga o veneno.
  O que se pode esperar?
  Ao solo conjuro mil blandícies, nada de estupidez,
  Renego a luta.
  Prefiro abocanhar-me na chuva,
  O solo rouba a virgindade das gotas,
  Que por sua vez rouba a do ar.
  Sentado ouvindo os respingos,
  Lembro-me quão duro será encontrar as chaves,
  Rapinas de todos os gostos rodeiam-me,
  Estou só.
  Atormentando meus próprios maxilares.
  Em resposta uma pura torrente de saliva misturada
  Com um não sei que de dor brota-me dos lábios.
  O efeito do veneno retrocedeu.
  Vitória!
  Declaro-te vitoriosa raiva penetrante.
  Oh! Inferno sem fim!


                              IV-Detalhes Fulgazes




  Bem,
  E o que se dizer das árvores outonais sob o luar vermelho?
  Néscios e sábios concordam que após essa meia-noite
  Vulgar (não, nada sabem!) crescerão no mais verde ardor.
  O sustentáculo das minhas têmporas já não aguenta mais,
  Minhas narinas pegam fogo, mas não é preciso todo 
  Esse suor.
  Aqui não passam de restos incendiáveis.
  Conflagra-me!
  Já que estou na morada incendiada que eu prove tudo,
  Desde o vinho até a morte atemporal.
  Feiticeira de mim!
  Caçadora de mim!
  Salve-me!
  Quero minha irmã em uma ciranda de afagos.
  Eu fiquei sabendo outro dia 
  Que enquanto não me cortar a palavra tenho uma chance.
  Eu irei a ela...
  Espere não me abandone,
  Tenho um direito,
  (Único que seja)
  Uma correspondência!
  Irei a ela!
  Mãos. Vós fostes largas e doces que sejam
  Nesta última instância.
  Oh! Como tremem. Já desconfio até de ti mesmas.
  Sei que já estão prontas até a castigar-me.
  Vamos! Aproveitem-se desta influência infernal.
  Açoitem-me, só lhes digo que quando chegar
  O mais leve sinal...
  Miseráveis!
  Como podem ter se vendido por isso que chamam
  De tato?
  O que? 
  “– A chamam de volúpia carnal.”
  Hipócritas e insensíveis.
  Sempre pensei que fossem o ponto por onde
  Penetrassem a inspiração.
  Que horror ao frio.
  Pois bem, esse será o meu esquife prematuro.


                                V-Purgatório 


                                            ''Entre o amanhã prematuro.''




  Lânguido.
  Deixo de lados as rixas,
  Não as herdei
  Bem,
  Então desminto a genética.
  Não havia previsto tamanho golpe.
  Estas partes do meu corpo serem pérfidas.
  Nunca havia praticado o mal, talvez fossem reflexo
  Do veneno, risco-a, tudo de tom gracioso
  É pura poesia.
  Talvez toda essa podridão seja da família
  Das minhas lágrimas límpidas.
  Sabes que me incomoda, luz severa?
  Ah! Sim. Um aviso.
  De quem desse vício estúpido chamado solidão
  Veio buscar-me?
  Ao solo natural (som de enterro, risos de velórios
  por toda a parte).
  Que seja!
  Só sei que sou um negro,
  Um mercador,
  Um magistrado,
  Ou mesmo um visionário,
  Se me permitirem
  Sorver do Maná
  Duma apocatástase
  Fora desse 
  Pandemônio
  Em mais um amanhã.


  

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