Conheço-a tanto,
E me considero uma exceção a regra,
Das tantas que o inverso lhe toca.
Deixo-a num estado
De perplexidade,
Mas sua resiliência trata de consertar isso.
Será possível que o seu passado
Sempre irá condenar
O nosso presente?
Fazendo do encanto
Deste encontro
Se tornar fugaz.
Haverá meios, eu me pergunto,
De transpor essa superficialidade
E chegar intacto ao âmago de tudo isso?
Haverá meios,
Haverá maneiras e,
Haverá certezas suficientes.
Do choro que até então
Mantinhas em silêncio,
Agora compartilha um sorriso de canto.
Um começo,
Um novo começo,
Duma era de prantos esquecidos.
E sou a preferência que escolheste,
Mesmo que a contragosto,
Por saber que é uma fatal escolha.
Veja o estado em que a deixo,
Rendida sob meu domínio
E, ainda pensas em retroceder?
Brindemos a esta vitória parcial
E, não me poupe cada centímetro
De sinceridade da altura meritória.
Saberei eu aproveitar
Deste copo vazio que sua boca
Pousou e deixou uma marca de batom.
Engulo o choro,
Limpo o suor de meus lábios
No guardanapo ofertado pela sua esperança.
Se sou a metade vazia,
Tu és a metade cheia,
Que proporciona a equidade.
Se ainda restar fragilidade,
A poda que estas flores precisam,
De manhã a cuidaremos.
Pela manhã em que as marcas
Da noite se fazem presentes
Em nossos rostos recém-acordados.
Nada mentem,
Nada discutem, dissuadem,
Tampouco reflexionam.
Apenas querem olhar
E ver brilhar um pouco
Da satisfação que dormia e foi desperta.
Acordados e prontos
Para o dia que se inicia,
Eu e tu, lado a lado.
Face-a-face,
Corpo-a-corpo,
Sem tentativas de fuga.
Deixando-a ciente
Por completo que é contigo
Que quero estar.
Vontade,
Mais do que vontade,
Sincera volição.
Meu braço direito será vendido,
Ainda me restará o esquerdo,
E com ele a abraçarei.
Muitos membros-- me restam,
Muitas posições-- me ofertam,
E uma única face-- Eu desejo.
A tua,
Somente a tua,
Na consciência de te amar.
Com ela captas o sentimento
Nutrido e expelido pela epiderme,
Uma sinapse comprobatória.
Nosso verdadeiro ponto de encontro,
Peles que se avultam
E se contraem languidamente.
Seu calor sob o frio das minhas mãos,
Mãos calorosas as suas,
Mãos minhas que esquentam pouco a pouco.
Encontro, puro encontro,
De almas livres desapegadas por natureza,
Expiadas na provação do aprendizado.
Encontro, doce encontro,
Hora bendita, bendigo o seu nome,
Louvo o dia em que a conheci.
Direções opostas de certo,
Argumentos improvisados,
Mas que são jogados na hora do treino.
Treine e identifique-me,
Sou seu alvo estático,
Pronto a ser dardejado por seu olhar.
Tens todas as chances do mundo,
Treine um pouco mais e, se faltar
Fichas te darei algumas de cor dourada.
Pode considerar ilusão,
Se for assim, pegarei-a pelo colo e,
Andaremos nus na contramão.
A rua que nunca se dobra,
Esquina nenhuma será ponto de referência
Da falsa interrogação que nasce num dia nublado.
Então a nossa única fantasia,
É o puro trajeto sem semáforo algum
Pelas tortuosas vias desse mundo desvairado.
Respostas perguntadas,
Especulações duma boca em sede,
E viagens ainda sem itinerário.
Será que precisamos do passado
Ainda como bode expiatório,
Ou ele merece agora um belo dum chute?
Nós temos nosso próprio mapa,
Uma bússola e muitas palavras que
Abençoam por mil anos nossa relação.
Então se congelar é preciso?
Criogenia não irá te dar um ursinho
De pelúcia no seu próximo aniversário.
Tens medo,
Pavor, aflição, desespero,
P'ra mim são palavras dum dicionário qualquer.
Então que as teias de aranha,
Se encarreguem de mofar suas páginas
E suas orelhas marcadas do prefácio ao fim.
Com culpa? Deixe que ela se esconda
Por si só, a cama é um ótimo refúgio,
Mas abrigo mesmo, só meus braços.
Puro encanto,
Encontro marcado,
Culpa insossa já não tem mais lugar.
Puro encontro,
Encanto destilado,
Filme de terror algum trará falsa melancolia.
Puro encanto,
Puro encontro,
Somos nós os atores desta peça única.
Somos nós os atores,
Deste encanto marcado,
Deste encontro revigorante.
Não há tempo a perder,
Na preguiça que só se revela a
Encobertar os erros no tapete da entrada da sala.
Saudades de ti há tempos
Venho sentindo, perderia Eu
Um segundo sequer sem lembrar de tu?
Corrigir a sua nota musical,
Já mordes os lábios como efeito,
Uma ação bem sucedida.
O par ouve a mesma canção,
Como os pássaros numa revoada sonora,
Sendo rouxinóis de nosso próprio destino.
Asas indomáveis que no ninho
Em cada término de dia o pouso oferta,
Bico com bico pela folhagem do leito.
Somos passageiros em busca da tão
Sonhada concepção de almas
Que transitam pelo fluxo destes vagões.
Eles não repetem a mesma estação,
Sempre se renovam,
Mas se quiseres iremos tu e Eu visita-las.
As antigas estações da tua e da minha vida,
Sem revidarmos, apenas acenaremos
No final do passeio e agradecidos pela estadia.
A franqueza sobrepuja qualquer decepção
Mesmo que esta já o tenha sido deletada,
Ela ajudará a supera-la.
Almejo teu corpo-- já sincero,
Almejas meu corpo-- um tanto incerta,
Nos almejamos-- cada um ao seu modo.
Podemos por fim seguir nossos caminhos,
Mas lado a lado, sem medo de olhar para o lado
E estender uma mão para que o outro levante-se.
E quero muito mais do que as mãos,
Quero braços, antebraços, ombros camuflados
Pelo susto da minha mordida de leve.
Tens-me por completo-- neste puro encontro,
Tenho-na por completo-- em puro encanto,
De certo está completo-- neste encontro & encanto.
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