sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Antes o Silêncio do Que a Discussão

  Nosso Amor agora fede decomposto,
  A carniça arruinada, o Sol esquenta-lo...
  O mesmo, de seus raios abençoa-lo,
  Por que ris, do choro em cada rosto?


  O silêncio, minh'amada é o oposto,
  Dos vermes viventes, no que foi belo,
  E da entreaberta flor, germina o apelo!
  Nascendo outra fonte, d'um tal desgosto...


  Esconda teu ventre, cubra-o silente,
  Regurgite a ideia, nem idealize me amar,
  Sua morte ou a minha, ainda é eminente.


  Profano, e maldito, d'uma crua torpeza,
  Por que darmos certos, é loucura tentar,
   — Ainda, morreríamos co' plena certeza!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Paixões do Crepúsculo



  Como é belo o Sol erguido no céu sorridente,
  E com sua centelha nos lança seu bom-dia.
  — Bendito aquele que pode com sua alegria
  Felicitar a plenos pulmões o excelso poente.


  Rememoro-me! Eu vi a flor, arrimada na fonte,
  Mirrar sob a fulgência da minha pupila ardida...
  — Vamos admirar ao pôr-do-sol à toda brida,
  P'ra quem sabe abraçar seu raio no horizonte.


  Mas eu insisto em vão em evocar a Paixão,
  A inelutável Noite, acompanhou esta afeição...
  Vultuosa, aziaga, erma de consolo e fulgor.


  Um eflúvio do jazigo pelas trevas emanou,
  E por entre o palude cabisbaixo se dissipou,
  A esperança fugidia, rechaçada pelo langor!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Olhar Sombrio


  Havia reservado o melhor para o final,
  E d'um olhar atilado, símile a violácea
  Presença, revia a parte d'alma vazia...
  Antecipando os nuances da Dor eternal.

  Apontava com a mão p'ra esta miséria:
  — Não hei de orar... Alcançando o umbral!
  Conquanto o réquiem firme e celestial,
  Ressoe inabalável seu canto co' energia.

  A morada era atingida, por entre a canção,
  Sombreada na espera, de tua aparição...
  — Enfim dormiria serena, pelo evo negro.

  Sufraguei enfim, próximo da imensidade;
  — Amor — nossos olhos virão a eternidade,
  E meu canto há de atravessar teu espectro!