sábado, 28 de janeiro de 2012

Além da Vida


Tire o capuz de seu rosto, e ao se descobrir
Inicialmente o pior do cadáver está por vir.

Como ele mente nos direitos dum homem!
A morte tudo pode naqueles que a consomem,
E absorvido na nova vida que a conduz,
Ele não se importa, sem cautela se reduz,
Nem seu erro nem minha vingança, estarrecidas
Ambas no sentido de terem sido reconhecidas,
E se perdem na solene e estranha
Surpresa da mudança.
Há muito proveito no apagar da morte,
Sua ofensa, minha desgraça sorte?
Eu seria como garoto que éramos naqueles anos,
Pelo campo, nas dobras entre sadios enganos,
Sua afronta, a paciência divina, o desprezo humano
Foram tão facilmente carregados p'ra outro plano.

Eu estou aqui e agora, ele está em seu lugar devido:
Cubra finalmente o seu rosto translúcido!

Nenhum comentário:

Postar um comentário